domingo, 10 de março de 2013

Novo Código Florestal (Atualidades)

O BNDES é bom para quem?
O banco estatal nunca emprestou tanto. Mas boa parte de seu crédito barato, em vez de estimular a inovação, serve para grandes grupos fazerem mais do mesmo — às vezes, com resultados desastrosos. Talvez seja a hora de reler a cartilha

Patrick Cruz, de
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Alexandre Battibugli/EXAME.com

Campeão perdedor: mesmo com dinheiro do BNDES, a produtora de leite LBR entrou em recuperação judicial
São Paulo - Por mais despossuído que se considere, todo contribuinte brasileiro é hoje dono de parte da maior empresa produtora de carne bovina do mundo. E tem uma participação na maior fábrica de celulose do planeta. E outra em uma das maiores produtoras de leite do país. O contribuinte pode até se achar um desvalido, mas ele tem dinheiro para emprestar para a maior das fabricantes mundiais de cerveja. E para uma das maiores mineradoras da Terra. E para um universo tão heterogêneo de empresas que abraça desde a Petrobras até academias de ginástica.

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Essa generosidade, cuja existência a maioria dos brasileiros certamente ignora, tem sido o ofício de fé do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nos últimos anos. O BNDES, que completou 60 anos em 2012, jamais emprestou tanto dinheiro em sua história. Desde 2008, quando as operações de financiamento e compra de participações em empresas do banco embicaram em direção às nuvens, os desembolsos somam 700 bilhões de reais.

É mais, por exemplo, que toda a riqueza gerada em um ano pela economia da Dinamarca, um país rico. Com crédito farto e barato, essa nossa Dinamarca estatal manteve a economia rodando no momento em que os efeitos da crise internacional se instalavam por aqui. Em 2009, o produto interno bruto brasileiro teve retração de 0,3% — um soluço se comparado com o recuo de 3,4% do mundo desenvolvido. Se o BNDES ajudou a evitar problemas maiores na economia durante a crise, tudo certo, então?

Infelizmente, o raciocínio não se encerra na conclusão simplista. Os resultados financeiros mais recentes da estratégia adotada pelo banco revelam um quadro desolador para os brasileiros que são seus sócios anônimos — inclusive por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador, uma das fontes de dinheiro barato da instituição.

Em 25 de fevereiro, ao publicar seu balanço de 2012, o BNDES mostrou queda de 10% no lucro, para 8,2 bilhões de reais. Muito pior foi o retorno de seu braço de participações em empresas, o BNDESPar — nessa divisão, o banco teve perda de 93% no retorno financeiro, que caiu de 4,3 bilhões, em 2011, para 300 milhões de reais, no ano passado.

Ajuda do tesouro

O BNDES atual começou a tomar forma em 2007. Não por coincidência foi o ano de início da presidência de Luciano Coutinho, economista da ala dos chamados “desenvolvimentistas” — e um dos arquitetos, por exemplo, da reserva de mercado no setor de informática no governo Sarney, que manteve o acesso dos brasileiros à tecnologia restrito a produtos defasados e caros até que o mercado fosse aberto, no governo Collor.

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